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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Qui | 08.02.18

Carla, a tranquilidade em pessoa

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Sempre fui uma pessoa nervosinha. Ainda sou, claro. Mas antes era demais.

Enervavam-me os acontecimentos, as pessoas e as suas atitudes, as injustiças do mundo, as mentalidades diferentes da minha, as ruas sujas, a programação televisiva, etc, etc, etc.

Era muito cansativo e aborrecido andar sempre assim. Por isso resolvi mudar. Deixei de ter tempo mental para ocupar a cabeça com tanta chatice.

Para tentar ser mais calma (e feliz) fiz muitas coisas diferentes: fiz terapia, tomei anti depressivos, experimentei ginásio, yoga, meditação guiada, cursos de psicologia positiva, li livros e mudei de vida inúmeras vezes.

Muitas dessas coisas foram-me ajudando um pouco a melhorar o aspeto mais nervoso da minha forma de ser mas nunca totalmente. Para mudar totalmente uma coisa na nossa personalidade (que não é mais do que um hábito instalado por viver durante muitos anos entre pessoas nervosas) é preciso uma coisa: vontade. Sem vontade e muita prática é muito difícil chegar a algum lado, por mais terapia que se faça ou por mais que se fuja dos problemas.

De modo que, depois de algum treino mental, posso dizer que hoje sou uma pessoa muito mais tranquila. Enervo-me claro, mas escolho muito bem aquilo em que vou investir os meus nervos.

Já não me enervo com pessoas, com conversas e com pequenas coisas que não posso mudar. Geralmente escolho enervar-me com coisas que, de facto, colocam em causa o meu bem estar ou o bem estar da minha família. Aí sim, enervo-me mas faço também alguma coisa para mudar as situações. 

De resto, opto mesmo por não me chatear. E resulta minha gente, como resulta!

Simplesmente deparo-me com situações (algumas bem simples) que antes me enervariam durante uma semana e que agora apenas me consomem breves segundos de pensamento.

Hoje de manhã aconteceu uma coisa que ilustra bem isto.

Eu detesto desperdiçar seja o que for mas custa-me especialmente desperdiçar comida. É algo que me deixa bastante aborrecida.

E hoje de manhã desperdicei uma panela enorme de sopa fresquinha, cheia de ingredientes bons e saudáveis, que tinha feito na noite anterior.

O que se passou foi que fiz a sopa à noite e coloquei 5 ovos a cozer junto com os legumes (coisa que nunca faço).

Hoje de manhã, não me lembrei dos ovos (que tinham casca e estavam escondidos no fundo da panela) e comecei a desfazer tudo com a varinha mágica. De repente senti um forte cheiro a ovo cozido e percebi tudo.

Senti ali uma dor fininha ao olhar para aquela sopa maravilhosa de abóbora menina e curgete de que as miúdas iam gostar tanto. Uma sopa para 4 pessoas para uns 3 dias.

Depois contei ao Milton o sucedido, ele lamuriou-se durante o tempo que lhe é característico (2 segundos), deitou a sopa fora e eu fiz outra na bimby em 30 minutos. E ninguém pensou mais nisso. Mesmo.

É a isto que chamo paz de espírito e verdadeira felicidade. Esta capacidade (com que, felizmente, muita gente já nasce) de dar a devida importância às coisas.

Quem diz este episódio diz outros. Cada vez mais escolho não me chatear com coisas que não posso mudar. Passo à frente com alegria, tentando aprender alguma coisa com o sucedido.

Para a próxima colo um post it na panela com letras gigantes a dizer: "TEM OVOS! TIRA-OS ANTES DE DESFAZERES A SOPA!"

E é isto.

 

 

 

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