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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Seg | 27.03.23

Devemos mesmo dizer às crianças que "não devem fazer queixinhas"?

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"Fazer queixinhas é feio." ou "Não quero que faças queixinhas."

Já repeti estas frases aos meus filhos vezes sem conta, principalmente quando fazem queixas uns dos outros, por motivos que, do alto da minha amnésia sobre o que é ser criança, considero tolos.

Depois de pensar um pouco melhor, explico-lhes a diferença entre a denúncia necessária e a intriga.

É importante ensinar aos nossos filhos que é errado dizer alguma coisa apenas com o objetivo de prejudicar alguém como: "ele está a brincar em vez de estudar" ou "ele está a tirara macacos do nariz". Por outro lado, se eles se sentirem tristes ou prejudicados com alguma coisa, devem encontrar nos pais um porto seguro e alguém disponível para ouvir as suas queixas ou desabafos.

Fazer queixinhas pode não só não ser feio, como também ser muito necessário. Por outro lado (ou pelo mesmo lado) ensinar os miúdos a "não fazer queixinhas" pode levar a um posterior silenciamento de situações de bullying.

Por isso, em vez de incentivarmos os nossos filhos a não fazerem "queixinhas", podemos incentivá-los a não fazer intrigas, mas a falarem com os pais ou amigos sobre qualquer coisa que os esteja a incomodar, seja algo que se passe com eles, seja algo que se passe com os seus amigos.

Embora já tenha dito muitas vezes aos meus filhos para não fazerem queixinhas, tento incentivá-los a falarem sobre o que se passa na escola. Com a Lara, principalmente, já falei também sobre bullying e sobre as formas possíveis de reagir numa situação de agressão.

A Lara já me contou algumas situações que se passaram na escola, desde gozarem com ela, chamarem-lhe nomes e terem algum tipo de ação agressiva com ela. Normalmente as agressões vêm por parte de crianças mais velhas mas, tanto quanto pude averiguar pelas nossas conversas, a Lara parece estar a lidar bem com as situações, por isso nunca senti a necessidade de intervir.

Já percebi que ela não opta por se queixar aos auxiliares e professores, mas também não vejo que ela fique muito tempo a pensar nisso.

No outro dia contou-me que algumas raparigas mais velhas a rodearam e, sob uma acusação inventada na hora, começaram a chamar-lhe nomes e dar encontrões sem a deixar sair dali. Quando lhe perguntei como reagiu, disse-me que teve que ficar ali a ouvi-las até encontrar uma brecha para fugir. Quando lhe perguntei como se sentiu em relação à situação, disse-me que se eu não lhe tivesse perguntado, nem se lembrava disso. Disse-me, ainda, que achava que as miúdas eram idiotas e que chateavam muitas vezes os miúdos mais novos que, por sua vez, não se acanhavam de responder às "agressoras" com algumas provocações em forma de insultos.

Aproveito sempre para dizer à Lara e aos irmãos que nunca, mas nunca, devem gozar, bater ou aborrecer ninguém, principalmente crianças pequenas. Explico-lhes as consequências do bullying para as vítimas e explico-lhes também, que os agressores, de alguma forma, também são vítimas e o que têm que fazer é nunca permitirem que os maltratem. 

Basicamente tento explicar-lhes que o problema está do lado de quem comete e agressão, nunca do lado de quem a sofre. Quem está agir mal é o agressor e, por mais que o agressor seja uma pessoa triste e frustrada, deve encontrar outras formas de gerir as suas emoções.

Neste contexto, digo aos meus filhos que devem procurar defender-se sempre, se possível, sem o uso da violência.

Não se trata de um assunto simples, mas acredito que se for trabalhado desde cedo, pode dar aos miúdos ferramentas para se protegerem de situações de bullying.

 

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